Terapeuta Ocupacional
Andreza Aparecida Spagnol
CREFITO 5957
Serviços
O termo “Ocupação” em Terapia Ocupacional refere-se a todas as atividades que ocupam o tempo das pessoas e dão sentido a suas vidas. Na terminologia da Terapia Ocupacional, essas atividades podem ser divididas em:
- ABVDs (Atividades Básicas de Vida Diária): Como diz o nome, são atividades básicas, ou seja, atividades fundamentais para a sobrevivência e auto-cuidado do indivíduo, nelas se encaixam: alimentação, higiene pessoal, banho e vestuário.
- AIVDs (Atividades Instrumentais de Vida Diária): São atividades mais complexas, normalmente envolvem o manuseio de algum instrumento ou uma maior interação do indivíduo com o outro e na comunidade, são exemplos de AIVDs: uso do computador, escrita, uso de telefone, brincar, ir à escola, usar transporte público ou carro próprio, manipular e utilizar dinheiro, realizar compras.
O uso de atividades no tratamento e as adaptações do meio são ferramentas legítimas e diferenciadas do Terapeuta Ocupacional. Baseia-se no pressuposto de que a atividade contém em si mesma propriedade curativa que podem alternar o comprometimento orgânico ou comportamental.
A atuação é com os projetos de vida, com as atividades do cotidiano, com a rotina do indivíduo. Devendo ter um valor significativo a ele. Essas objetivam de maneira geral: melhorar a qualidade de vida, prevenir problemas ou futuras incapacidades, manter ou melhorar os níveis funcionais do sujeito, funções motoras, psíquicas e sociais.
Envolve uma compreensão de novos valores, de uma nova visão que, além de considerar o potencial terapêutico das atividades, opera em uma transformação cultural, onde o sujeito deixa a condição passiva de receber as técnicas de tratamento e torna-se ativo, participativo.
O processo de avaliação no tratamento é estruturado de forma a refletir o conceito de função ocupacional para aquele sujeito especificamente, no qual possui uma identidade, desejos, necessidades e encontra-se inserido em um contexto sócio-cultural.
O ponto de partida de todas as etapas de uma intervenção terapêutica é a investigação das necessidades e anseios desse sujeito, sendo essencial para aprimorar a seleção dos objetivos, dos métodos de tratamento e identificar as habilidades e as limitações em sua função ocupacional. A partir dessa investigação, oferecer um tratamento voltado para a maximização do desempenho ocupacional de acordo com seus interesses, valores, auto-conceito e funções.
Terapeuta e paciente selecionam atividades que sejam significativas para o paciente. O terapeuta realiza: análise, seleção, graduação e adaptação para esse uso terapêutico da atividade/ocupação.
NEUROLOGIA
Adulto
A Terapia Ocupacional em Neurologia trata de transtornos: motores (perda de movimentos, dificuldade em planejamento motor, falta de coordenação, movimentos anormais); cognitivos (memória, atenção/concentração, raciocínio lógico, orientação espacial e temporal); sensoriais (sensibilidade, pró perceptivo); emocionais (alterações comportamentais, depressão, ansiedade) e sociais (interações sociais e contexto). Ou, seja, trata do sujeito como um todo, com o objetivo da melhora dessas áreas para melhor desempenho nas atividades funcionais do dia a dia e, consequentemente, de sua qualidade de vida.
O plano terapêutico deve, de forma geral, diminuir ou compensar essas deficiências para que o paciente alcance o maior grau possível de autonomia e funcionalidade.
Em qualquer caso, as indicações de um tratamento ocupacional devem ter em conta condições particulares de cada indivíduo concreto em cada estágio da doença. Em geral nos processos estáticos (doenças cerebrovasculares, traumatismos, paralisia cerebral) a T.O busca a recuperação funcional e a compensação dos déficits restantes. Nas doenças progressivas (escleroses múltiplas, doenças degenerativas) o objetivo geral deve ser sempre o de facilitar a manutenção da atividade e a boa qualidade de vida.
O tratamento é planejado e realizado de acordo com avaliações iniciais. Essas contemplam: pela anamnese, componentes de desempenho, cognição, saúde mental, aspectos funcionais, ocupação, contexto e barreiras arquitetônicas.
Na anamnese é feita uma coleta de dados através de um questionário sobre a história de vida do paciente, dados da doença e sua evolução, antecedentes familiares, medicamentos, histórico ocupacional, família e rotina.
Nos componentes de desempenho avaliam-se através de exames físicos: capacidade de movimento de uma dada articulação, amplitude de movimento (ADM) passiva e ativa, força muscular e sensibilidade em Membros Superiores. Os instrumentos utilizados para mensurar esses dados são: goniômetro, Jamar e Pinch e Monofilamenos e discriminador de dois pontos.
A amplitude de movimento (ADM) articular passiva e ativa disponível de Membros Superiores são verificadas para fornecer dados de quanto movimento aquela articulação realiza naquele momento. Assim, possibilita o planejamento do tratamento de desempenho de atividades funcionais pois determinam limitações que afetam a sua função e identificam limitações que podem produzir deformidades. Essas medidas também fornecem dados para avaliação e prescrição de órteses.
A força muscular é avaliada com os seguintes objetivos: determinar se a fraqueza está limitando o desempenho funcional, identificar a potência muscular disponível, evidenciar um desequilíbrio muscular que pode produzir deformidade e definir os objetivos e modalidades de tratamentos apropriados.
A avaliação da sensibilidade é usada para mensurar a habilidade de sentir ou perceber um estímulo aplicado em determinada área do corpo. Os objetivos são: determinar o déficit e a limitação funcional, definir um prognóstico funcional, documentar a recuperação sensorial, proporcionar direção para intervenção terapêutica ocupacional (reeducação, educação para prevenção de lesões, desensibilização, estimulação sensorial e indicação de órteses). O mais importante nesta avaliação é o conhecimento da sensação percebida pelo paciente (se está adequada ou é suficiente para o desempenho das atividades cotidianas).
Dentro dos componentes do sistema cognitivo avalia-se: percepção visual (reconhecimento de objetos e faces); habilidades espaciais (habilidades construtivas, esquema corporal, orientação topográfica); atenção (atenção sustentada, seletiva e dividida); memória (memória de trabalho (ou operacional), memória de longo prazo, memória do dia a dia); movimento voluntário (modelo de práxis, planejamento motor, intenção); funções executivas (ação e comportamento rotineiros motor e não rotineiros, adaptação e flexibilidade autoconhecimento). A abordagem funcional reconhece que os processos cognitivos básicos estão envolvidos em cada atividade e situação, portanto, se procurar a correção ou adaptação, as demandas serão sobre a cognição a fim de obter a aprendizagem e realizar o que foi aprendido em uma ou mais situações.
Na saúde mental avaliam-se: alterações de comportamento; depressão, euforia, alucinações, apatia e relações interpessoais (relacionamentos pessoais com familiares e amigos e comportamento social).
“A depressão é um estado frequentemente encontrado nos pacientes neurológicos, principalmente nos adultos. Esta pode ser vista como conseqüência das alterações físicas, químicas e ou psicossociais que suas patologias podem trazer. Independente de sua etiologia, a depressão deve ser adequadamente tratada, pois a mesma dificulta a reabilitação, visto que é comum o paciente apresentar sentimentos de desesperança, pessimismo, sensação de desânimo e dificuldade para se concentrar”. (Anunciato, pg. 30 apost. Neuroplasticidade).
Nos aspectos funcionais avaliam-se a independência, autonomia para a execução de A.B.V.D(s)-atividades básicas da vida diária (alimentação, vestuário, higiene pessoal, banho, comunicação) e A.I.V.D(s)-atividades instrumentais da vida diária (trabalho, uso do computador, cozinhar, fazer compras, cuidados com a casa). Para esse item utiliza-se a Avaliação MIF (Medida Funcional de Independência) e a Medida Canadense.
Na ocupação é verificado como está a organização das atividades diárias na rotina diária desse sujeito. É focado na rotina e história ocupacional, o papel e as responsabilidades da pessoa dentro da família e na sociedade mais ampla. As quais permitem a identificação de objetivos gerais do tratamento, delineando áreas de função que são prioridade, seja para garantir a independência nos cuidados pessoais, a habilidade de administrar um lar ou reaquisição de habilidade de trabalho, seja para melhora nas habilidades de tarefas gerais através de múltiplas áreas de atividade. Levando em consideração o que é significativo para ele e o que deseja e precisa para obter um desempenho ocupacional ótimo.
(GRIEVE, 2008- PG. 28).
No contexto engloba-se o sócio-cultural e social, com atividades de interesse e participação sócio-cultural e das interações no local onde esse sujeito vive. Ex: familiares facilitam, estimulam o desenvolvimento e participação desse sujeito em seu meio?
O contexto onde essa pessoa está inserida é de extrema importância para o tratamento. O conhecimento sobre o papel do contexto no desempenho permitirá que o terapeuta ocupacional manipule atividades e ambientes para a correção e adaptação. Assim, quando se trabalha para resolver as dificuldades ocupacionais de uma pessoa, não são apenas sua própria saúde e habilidades que precisam ser abordadas, mas também os aspectos contextuais de seu desempenho, uma vez que estes podem estar agindo como facilitadores ou como barreiras ao desempenho. (GRIEVE, 2008-PG. 15).
As intervenções terapêuticas requerem que o indivíduo aprenda, mesmo em caso de reaprendizagem de habilidades e atividades anteriores, apresentar novos caminhos para compensar as habilidades perdidas ou de aprender pela primeira vez novas habilidades. Integram-se recursos de abordagens corretivas e adaptativas.
A abordagem corretiva visa à restauração e melhora das funções deficientes, favorecendo e facilitando a capacidade de recuperação e plasticidade do cérebro. Os métodos de tratamento visam à melhora de deficiências específicas, por exemplo, treinamento de memória, exercícios sobre uma mesa para percepção para resultar em melhoras destes componentes e isso, por sua vez, levará à melhora do desempenho funcional. (GRIVE- 2008 PG 42).
A abordagem adaptativa o foco está em aperfeiçoar as funções remanescentes e utilizar as capacidades de um indivíduo para aprender novas estratégias e técnicas para superar as dificuldades. Procura-se a melhora das habilidades funcionais por meio do uso de estratégias e técnicas para compensar as deficiências. Pode envolver a adaptação do ambiente do cliente. Por exemplo, no caso de comprometimento da memória, um paciente pode usar um cronograma escrito ou lembretes para auxiliar suas rotinas diárias. (GRIVE- 2008 PG 43).
Os objetivos gerais dentro de um projeto terapêutico são: reorganizar as atividades cotidianas; melhorar/ampliar componentes de desempenho (aumentar e/ou manter ADM (Amplitude de Movimentos), força e sensibilidade dos usos dos Membros Superiores); prevenir deformidades; favorecer melhora de postura; adquirir independência e autonomia para a execução das ABVD(s)-atividades básicas da vida diária e AIVD(s)-atividades instrumentais da vida diária e ampliar redes sociais de suporte e participação social.
A atuação visa promover a capacidade ou habilidade do indivíduo de fazer o que deseja e é necessário para ele em seu cotidiano com o máximo possível de independência e autonomia. Para este alcance, quando necessário, privilegia-se de recursos técnicos e tecnológicos denominados de Tecnologia Assistiva; Cinesioterapia (exercícios físicos para melhora da funcionalidade de Membros Superiores); confecção de órteses (prevenção de deformidades e ganho de ADM); utilização de Fes (eletroestimulação); aplicação de bandagens terapêuticas; intervenções para adequação postural; treino para realização de A.B.V.D(s) e A.I.V.D(s) e orientações aos familiares e cuidadores.
OBS: o nome Cinesioterapia quer dizer literalmente ‘terapia do movimento’ (do grego kínesis, movimento e therapeia, terapia). De origem oriental, atualmente é a terapia mais utilizada, sendo importante por estar ligada a todas as outras formas de terapias físicas, como a Hidroterapia. É a designação dos processos terapêuticos que visam à reabilitação funcional através da realização de movimentos ativos e passivos. Tem como objetivo prevenir, eliminar ou diminuir os distúrbios do movimento e função. (internet- wikipédia)
Infantil
Dentro desse campo de atuação a Terapia Ocupacional tem uma importante função em diversos “diagnósticos” em Neurologia Infantil. Contemplando: Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA), Transtorno de Coordenação Motora e da Aprendizagem (TDC), Disfunções de Integração Sensorial, Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor (ADNPM), Deficiência Mental, Desordens Neuromotoras (paralisa cerebral, mielomeningoncele, traumatismos craniano, distrofias musculares, amiopatias,...), tumores cerebrais (em Sistema Nervoso Cerebral).
No tratamento, considera-se primeiramente a criança e, depois, o tipo clínico do diagnóstico e seus sintomas, como a família o percebe e sua a realidade social (na qual a criança está inserida e quais as oportunidades, experiências interativas e/ou manipulativas que lhe são oferecidas rotineiramente no dia-a-dia).
Avaliação inicial é composta por esses dados coletados em entrevistas e observações que se complementarão com as avaliações específicas do Desenvolvimento Neuropsicomotor, de Coordenação Viso Motora e Aprendizagem e Integração Sensorial. Avalia-se em que fase a criança se encontra dentro das etapas do Desenvolvimento Infantil e dificuldades apresentadas.
É delineado o seu perfil de desempenho, apontando qual a área de ocupação/desenvolvimento (brincar, atividades da vida diária, interações, educação,...) em que apresenta dificuldades ou necessita ser assistida e em qual contexto e interações seu desenvolvimento pode estar prejudicado e assim estabelece prioridades para a intervenção.
Algumas atividades como recursos terapêuticos realizadas durante o tratamento são para o desenvolvimento ou aperfeiçoamento das seguintes aquisições: motoras (controle cervical, de tronco, desenvolvimento de preensões palmares, equilíbrio,...); sensoriais (estimulação proprioceptiva, tátil), visuais (estimulação visual), cognitivas (atenção, concentração, percepção visual, raciocínio lógico); emocionais (comportamento), sociais (relações interpessoais com pais, familiares, amigos, escola...); imagem e esquema corporal; coordenação viso motora global e fina; orientação espacial e temporal expressivas e adequação postural e treino de A.B.V.D(s).
Para a intervenção nas A.B.V.D(s) são utilizados recursos de: tecnologias assistivas, adaptações, órteses, adequações de mobiliários e postural e treino com esses recursos objetivando ao máximo a independência e autonomia da criança em seu desempenho.
Utiliza-se o lúdico, através de brinquedos e brincadeiras para as intervenções. As atividades planejadas atingem com eficácia seu objetivo terapêutico quando nelas contemplam a motivação e assim o interesse da criança ao realizá-las. Portanto, a análise dessas é bastante criteriosa anterior à fase de sua aplicação. Nela deve conter um significado para a criança poder realizá-la. Objetivam a redução de déficits e ao mesmo tempo maximiza as potencialidades apresentadas singularmente de cada criança.
Considerando a intervenção da TO voltada para o desempenho ocupacional da criança nas atividades do seu dia-a-dia, como brincar, realização de A.B.V.D(s) e educação (escola), o envolvimento da família no tratamento é fundamental, a fim de fornecer oportunidades para a criança praticar tarefas em seus contextos.
Como citado anteriormente o contexto que essa criança se encontra é determinante para o sucesso do tratamento. As interações que recebem são avaliadas para serem orientadas a favorecerem relacionamentos saudáveis, favoráveis ao estímulo de segurança e auto-estima da criança e continuidade em casa dos objetivos traçados no plano de tratamento.
Outro contexto a ser destacado no processo de reabilitação da criança é a inclusão escolar, que consiste em integração social e acadêmica visando torná-la um cidadão atuante, com autonomia e participação na sociedade.
O tratamento deve ser de forma contínua e atuante nos contextos familiares e escolares, facilitando assim as mesmas interações que a criança possa receber para melhora de seu desenvolvimento.
“O que é fundamental, então, para a elaboração de propostas de ação é que se entenda que a qualidade do desenvolvimento está diretamente ligada à qualidade de interações sociais, às oportunidades oferecidas.”
(Bartalotti, Celina- em Fundamentos da Terapia Ocupacional- pg. 296)
ESTIMULAÇÃO PRECOCE
Existem evidências de quanto mais precocemente for detectado o atraso no desenvolvimento e quanto mais precoce for o início da intervenção, menor será o impacto de problemas na vida futura da criança.
A Terapia Ocupacional atua bem próximo à família, através do modelo de Intervenção Funcional Centrada na Família. Considerando-se a intervenção pais-criança bastante importante para promoção do desenvolvimento infantil.
Os princípios dessa abordagem incluem: - promover o desempenho funcional durante a intervenção; - identificar períodos de mudança ou transição como o melhor período para promover a aquisição de uma nova habilidade; - identificar restrições, no ambiente na tarefa e/ou na criança que impeçam a realização da atividade; - intervir para mudar essas restrições e aumentar o desempenho da tarefa; - promover oportunidades para praticar as habilidades num contexto funcional. (Coelho, Zélia e Rezende, Márcia em Fundamentos da Terapia Ocupacional- pg. 304)
Na atuação são realizadas intervenções de: organização de rotina; atividades para o desenvolvimento neuropsicomotor (estímulos motores, sensoriais, visuais); posicionamentos (adequação de posturas e adaptações de mobiliários que favorecem posturas adequadas objetivando prevenções de maiores deformidades e favorecendo o desenvolvimento) e interações saudáveis.
Utiliza-se de brinquedos e brincadeiras apropriadas aos objetivos traçados; técnicas de massagens como Shantala (massagem Indiana) e orientações familiares.
A estimulação deve ser muito bem planejada, sendo verificado os melhores momentos da rotina da criança a serem efetuadas e com o tempo também apropriado. Em excesso ou escassez é prejudicial ao desenvolvimento.
ORTOPEDIA
TERAPIA DE MÂO
Diante da multiplicidade de patologias que estão incluídas na área de Ortopedia, como: fraturas, lesões
tendinosas, luxações, lesões e compressões nervosas, amputações, malformações congênitas, dentre outras; a
intenção é abordar os diversos aspectos que formam a base para atuação prática e específica da TO.
O tratamento nessa área de reabilitação de Membro Superior - terapia de mão vai além da realização de
procedimentos direcionados a melhorar funções e estruturas do corpo, como por exemplo: redução de quadro
álgico, ganho de ADM (amplitude articular), fortalecimento muscular, confecção de órteses; visando ao
desenvolvimento da capacidade de retornar à execução da tarefas cotidianas, restaurando a competência para
habilidades e padrões de desempenho.
A intervenção inicia-se pela avaliação composta por dados sobre o diagnóstico e o paciente (datas sobre o
início do diagnóstico, intervenções realizadas como: diferentes modalidades de cirurgia e datas dessas e de
outros procedimentos e tratamentos já feitos, raios-X e exames complementares, idade do paciente e outros
fatores de saúde associados) e avaliação clínica (dor, edema, cicatrização, rigidez articular, limitação de ADM
(amplitude articular passiva e ativa), grau de força muscular, sensibilidade, uso de órtese e/ou talas, tipóias,
ombreiras.
Alguns dos instrumentos utilizados para essa avaliação são: goniômetro (verificar ADM); Teste de Jamar (força
manual); Teste de Pinch (força de preensão em pinça); Teste de Tinel (sensibilidade), Monofilamentos
(sensibilidade); Discriminador de Dois Pontos (sensibilidade) e Teste Pick-Up de Moberg
(sensibilidade/agnosia).
A avaliação da goniometria realizada com o goniômetro é para a medição em graus de arco de movimento
passiva e ativa de articulações de Membros Superiores. Avalia o processo de evolução e efetividade da terapia
determinando a presença ou não de limitações. Utiliza-se também no decorrer do tratamento para acompanhar
a evolução ou estabilização de graus dessa amplitude. Essas medições são realizadas em membro contralateral
facilitando através de comparações e averiguação de limitações.
Na avaliação de força muscular é realizada de forma técnica os principais músculos envolvidos nos movimentos
de Membros Superiores. Havendo uma escala para avaliar o grau de força apresentada em cada um destes. E
para a força específica de preensão palmar utiliza-se o Teste de Jamar que é um instrumento específico que
mede o grau dessa força. Para medição de força de preensão em pinça, utiliza-se o instrumento Pinck.
Os testes de sensibilidade avaliam a capacidade de sentir e perceber o estímulo aplicado numa área,
envolvendo não apenas a parte periférica, mas também o SNC (Sistema Nervoso Central). É a capacidade de
sentir, perceber e levar a informação para o SNC. Considerando que, para ter uma boa função na mão, faz-se
necessária sensibilidade preservada. Existem dois tipos de sensibilidade: protetora (sistema protótico) e
discriminativa (epicrítico).
O Teste de Tinel serve para identificar onde está ocorrendo a reinervação nervosa, principalmente em casos
pós-cirúrgicos. Oferece a possibilidade de acompanhar o retorno de nervos em seu trajeto. Auxilia na avaliação
da reinervação distal após a reparação nervosa.
O teste de Monofilamentos de Semmes-Wensteins avalia tanto a sensibilidade profunda como a discriminativa.
O instrumento é composto de seis filamentos que exercem pressões e forças diferentes (de 1,65 a 6,65mm).
Sua aplicação se dá em pontos específicos, avaliando os nervos mediano, radial e ulnar. É utilizado para avaliar
lesões ou compressão de nervos periféricos e déficits sensoriais associados a doenças crônicas como diabetes,
hanseníase. Permite o mapeamento da extensão do retorno da sensibilidade e o grau dos problemas de
sensibilidade. É um método mais objetivo.
O teste Discriminador de Dois Pontos avalia-se apenas a sensibilidade discriminativa. Também realizado em
regiões específicas da mão. É possível fazer avaliação estática (Werber) e móvel (Dellon).
O teste de Pick-Up Test de Moberg avalia a agnosia tátil (para discriminação funcional do toque; sensibilidade
delicada de polpa digital; capacidade de reconhecer e nomear objetos com os olhos vendados utilizando o tato).
É composto por dez objetos com o mesmo material, uma caixa pequena, cronômetro e uma venda (para vendar
os olhos). O cronômetro é utilizado para marcar o tempo de reconhecimento dos objetos realizados na mão
lesada em comparação com a mão não lesada (membro contralateral).
Traçado o plano de tratamento depois de realizado avaliação, inicia-se a intervenção. São utilizados alguns
Protocolos de Tratamento; como o de Reabilitação Precoce e Protocolo de Duran e House. E muitos recursos
terapêuticos para a prática destes como, por exemplo, turbilhão, parafina, crioterapia, polia, rede Power-Web,
Rendi-Help, Dig-Flex, Power- Flex, Theraband, bandagem funcional, bastão, bola, kit massageador de cicatriz,
massa terapêutica, Coban (faixa auto-adesiva e elástica que é colocada no local desejado para promover uma
compressão suave e constante com o objetivo de reduzir o edema), óleo para massagem retrógada e cicatricial,
alongamentos e exercícios.
FRATURAS
“A reabilitação se inicia com uma avaliação completa, que norteará um plano terapêutico estruturado e
direcionado para a recuperação do paciente. Esse tratamento se dará através de técnicas de controle do edema
e dor, exercícios terapêuticos para ganho de amplitude de movimento (ADM) e força muscular, atividades
funcionais e técnicas de estimulação sensitiva.” (PARDINI, pg 93).
A Reabilitação Precoce pode ser utilizada em casos de fraturas. Porém diversos aspectos são considerados
para a sua intervenção.
A consolidação óssea da fratura e a cicatrização do tecido mole são processos que ocorrem ao longo do tempo.
Assim a importância de trabalhar com a reabilitação precoce; que pode ser iniciada com a mobilização
controlada do local do reparo já a partir de 24 horas do pós operatório continuado até que o reparo possa ser
liberado para stress maior. A Reabilitação Precoce estimula o alinhamento de fibras de colágeno, define melhor
as camadas, aumentando a elasticidade da cicatriz.
Os objetivos no caso reabilitação de fraturas são: proporcionar estabilização do osso; corrigir deformidades
angulares ou rotacionais; restaurar anatomia articular e retorno precoce da mobilidade da função do membro.
Também incluindo nos principais objetivos de intervenção incluí-se a prevenção das complicações referentes ao
processo de imobilização (ex: rigidez articular, atrofia muscular, osteoporose de desuso e edema crônico).
As intervenções sempre se dão respeitando o tempo da cirurgia realizada ou imobilização utilizada, fases de
consolidação óssea (inflamatória, proliferativa e remodelamento), cicatrização, dor e edema. Com freqüência,
durante o tratamento, mais de uma órtese pode ser utilizada para alcançar os objetivos.
Não existe uma receita específica para o tratamento de fraturas, esse se dá dependente de diversos fatores
associados ao caso; como: estabilidade, localização e forma da fratura, tipos de cirurgias realizadas (região
articular, exposta, com presença de desvio), material utilizado na cirurgia para fixação (fio de Kirschner,
parafuso, placas de parafusos, fixador externo), acometimentos de outras articulações não envolvidas.
O tratamento envolve várias fases gradativas; a atuação inicialmente se dá no controle da cicatrização,
diminuição de edema, diminuição de dor, deslizamento tendíneo, alongamentos, movimentação passiva,
movimentação ativa, exercícios resistidos, exercícios com bloqueios até chegar ao ganho de força.
Os exercícios de fortalecimento são introduzidos geralmente a partir da oitava semana. É necessária que haja
uma completa consolidação óssea, boa amplitude de movimento articular e pouco edema e dor.
A duração e intensidade dos exercícios são aumentados gradualmente conforme a estabilização da fixação.
LESÕES E COMPRESSÕES DE NERVOS PERIFÉRICOS
Inicialmente considera-se o tipo de lesão nervosa: neuropraxia (a estrutura do nervo permanece inalterada;
axonotmese (há ruptura do axônio, degeneração de neurônio distal) e neurotmese (ocorre interrupção completa
da continuidade do nervo).
O tipo de lesão, o nervo comprometido e a região do membro (lesão alta ou baixa) são determinantes das
estruturas envolvidas para o processo de reabilitação, acometendo déficits de movimentações específicas das
musculaturas envolvidas e sensibilidade também em áreas específicas acometidas pelo nervo lesionado.
Os objetivos gerais da reabilitação são: proteger o nervo em cicatrização; evitar complicações das disfunções
motora, sensitiva e simpática; assistir o retorno da função motora; promover a reeducação sensorial e manter a
funcionalidade da mão.
Os fatores que influenciam na escolha de um protocolo de reabilitação são: técnica cirúrgica, lesões associadas,
idade do paciente, doenças psiquiátricas associadas, alterações cognitivas, cooperação e motivação.
O tratamento utilizado na Mobilização Passiva Precoce pode se iniciar logo após 24 horas do reparo. Seus
principais benefícios são: a inibição da formação de aderência extrínseca, estimulação da cicatrização intrínseca
e difusão sinovial e aumenta a força do reparo.
A regeneração deve ser avaliada periodicamente pela evolução do sinal de Tinel.
O Protocolo de Duran e Houser preconiza semanalmente intervenções a serem realizadas no tratamento,
acompanhando o retorno da função nervosa.
A utilização de órteses durante o tratamento tem como objetivo a prevenção das deformidades provocadas pela
paralisia e perda do equilíbrio muscular nas diversas formas de lesão dos nervos periféricos, prevenindo
deformidades articulares.
Nas compressões dos nervos são utilizadas técnicas e recursos para: analgesia, deslizamento tendíneo,
mobilização neural, alongamentos, ganho de ADM, reeducação sensorial, ganho de força, órteses estáticas e
dinâmicas e orientações sobre posicionamentos adequados para prevenção de deformidades e aumento de
inflação e dor.
AMPUTAÇÕES
Como em outros campos de atuação, a Terapia Ocupacional em amputação tem uma visão holística do
sujeito em tratamento. Considerando que o indivíduo que vivencia a perda de um membro, ou parte dele,
também vivencia desconforto físico e emocional; alterações: nas condições de saúde e bem-estar, auto-
imagem, percepção corporal, limitações para desempenhar ocupações favoritas e seus papéis sociais.
Além disso, de acordo com seu contexto, pode vivenciar situações de discriminação social, de
incapacidade e outras barreiras, que podem prejudicar a retomada de suas atividades e participação nas
situações de vida.
São diversos fatores que influenciarão a sua reação à amputação e todo o processo de reabilitação.
Dentre eles: personalidade da pessoa, idade, histórico ocupacional, recursos psicológicos, sociais,
vocacionais e culturais.
Durante a avaliação é investigado as habilidades e estratégias de adaptação e enfrentamento do
indivíduo frente à amputação e ao período do processo de tratamento.
O princípio básico do tratamento de forma geral é auxiliar e estimular o indivíduo no desenvolvimento
dessa estratégia de adaptação.
O objetivo principal é promover a independência nas ABVD(s)-atividades básicas da vida diária e AIVD(s)-
atividades instrumentais da vida diária, o aprendizado ou a retomada das ocupações significativas e a
funcionalidade conforme as demandas, interesses e habilidades de cada indivíduo.
O tratamento pode ser dividido em duas principais fases: pré-protético (inicial ao tratamento) e pós-
protético (fase de adaptação à prótese e funcionalidade nos diferentes contextos de desempenho
ocupacional).
REUMATOLOGIA
As intervenções terapêuticas ocupacionais nas doenças reumáticas, após avaliação clínica do caso, enfatizam em sua atuação orientações ao paciente, em relação a modificações importantes em seus hábitos rotineiros. Como, por exemplos, recomendações sobre métodos de conservação de energia, proteção articular, modificação de tarefas, gerenciamento da dor, uso de equipamentos de assistência e, em especial, a indicação de dispositivos ortóticos.
A manutenção das habilidades de desempenho que influenciam as capacidades ocupacionais desejadas ou necessárias a cada indivíduo é a meta principal de tratamento.
O processo de avaliação desvenda as necessidades e os desejos do paciente e identifica os fatores que constituem em empecilho para efetivação do desempenho ocupacional. A avaliação caracteriza-se pelo delineamento do perfil ocupacional do paciente, descrevendo os aspectos gerais de sua saúde, sua história, seus antecedentes pessoais, padrões de vida diária, incluindo uso de medicações, interesse e preferência por atividades física ou manual, sua ocupação profissional e perspectiva sobre sua melhora. Agregando-se uma análise do desempenho ocupacional, realizado com instrumentos específicos para medir habilidades, padrões de desempenho e fatores do cliente.
A avaliação das habilidades de desempenho e dos fatores do cliente se refere à descrição da postura corporal, da mobilidade articular e da característica da pele, além de considerar o exame muscular, a presença de deformidades, de nódulos, de crepitações, de instabilidades articulares ou articulações inflamadas, dor e rigidez matinal.
Ainda na avaliação são incluídos dados relativos à qual função manual (tipo e força de preensão em pinça) o paciente pode desempenhar, e qual a qualidade desse desempenho (ex: se existe gasto energético superior ao recomendado ou se as articulações são colocadas sob estresse desnecessário), ou ainda se a dor é fator limitante para a efetivação da tarefa.
“A dor, rigidez matinal e fadiga são registradas com referência ao relato do paciente. A dor fica sendo registrada por uma escala visual analógica, a rigidez pela quantificação de horas do episódio após se levantar pela manhã (considera-se rigidez o registro de mobilidade articular acima de duas horas após o acordar) e a fadiga pelo relato de interferências na realização de atividades cotidianas (número de vezes que o paciente interrompe a tarefa para descansar”. (Cavalcante, Alessandra, 241)
Assim, o processo de avaliação é composto por informações subjetivas, como o registro da quantidade de dor, pela presença de rigidez matinal e fadiga; e pelas informações objetivas colhidas em questionários e instrumentos específicos que quantificam a capacidade de desempenho e de limites estabelecidos pela doença.
As órteses são primeiramente prescritas para fornecer o posicionamento adequado da mão, do dedo e de outro segmento, prevenindo maiores deformidades. Suas indicações podem ocorrer em diversas fases do tratamento, de acordo com seus objetivos terapêuticos.
No tratamento conservador, objetiva-se: reduzir inflamação, fornecer repouso e suporte às estruturas enfraquecidas, minimizar ou reduzir as tendências de deformidades nas articulações interfalandianas, metacarpofalandianas e o desvio ulnar dos dedos, a tensão dos ligamentos colaterais e a ação desequilibrada da musculatura intrínseca.
No pós-operatório são indicadas para manter a intervenção pós-cirúrgica ao mesmo tempo em que permitem a mobilidade controlada e o alinhamento articular, assistindo o alongamento tecidual e minimizando as aderências teciduais.
E na recuperação funcional, algumas das órteses que podem ser confeccionadas, são para: imobilização do dedo em extensão, dedo em pescoço de cisne, rizartroze (imobilização da articulação carpometacarpiana do polegar em oposição), polegar em botoeira, “talinha” (mobilização da interfalandiana proximal do dedo em extensão), imobilização do punho em extensão, imobilização e mobilização das articulações metacarpofalandianas, de acordo com os objetivos terapêuticos do tratamento.
No processo de reabilitação, a intervenção é direcionada a cada fase da doença e de acordo com a evolução, características e as necessidades específicas de cada cliente. As doenças reumáticas variam em seu tratamento de acordo com as fases da doença, que podem ser divididas em fase aguda, subaguda e crônica, com períodos de remissão e atividade e, em alguns casos, como artrite reumatóide, que pode ocorrer um período de exacerbação da doença, seguido por um período de remissão espontânea não havendo mais retorno a atividade. Inclui-se também em casos cirúrgicos, fases pré e pós-cirúrgicos
Objetiva-se de forma geral a redução dos sinais e sintomas da doença como: a prevenção de instalação de deformidades em cada articulação envolvida e perda da função; a manutenção ou ampliação das habilidades do desempenho ocupacional do indivíduo no envolvimento das atividades e tarefas para desempenhar as ocupações diárias, podendo se vincular à abordagem de adaptações de demanda da tarefa ou do ambiente.
É feito análise das realizações de atividades de autocuidado e do cotidiano do paciente, apropriando ou adequando a execução de tarefas da melhor forma possível, respeitando seus valores e limitações e proporcionando sua independência e qualidade de vida.
A utilização de atividades selecionadas para o alcance dos objetivos propostos no tratamento contém intervenções: para controle da dor, manutenção da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e a implementação de orientações específicas a cada caso, como método de proteção articular, o de conservação de energia e simplificação do trabalho e atividades expressivas (ex: indicadas para pacientes que apresentem comprometimento em seu estado emocional, como depressão,..).
Ainda na intervenção utiliza-se como ferramenta chave o “Programa de Proteção Articular e Conservação de Energia” direcionando ações para a melhora no envolvimento do paciente com artrite reumatóide ou osteartrose em ocupações, enquanto fornece a incorporação dos métodos de conservação de energia, assiste o paciente na manutenção de sua capacidade física e proporciona menor gasto energético durante a execução de tarefas, promovendo assim maior tolerância na realização de atividades.
Ambos os programas são de caráter preventivo e, pela educação do paciente, implementam estratégias que vão desde a adaptação do ambiente à modificação do seu próprio comportamento. Tem como objetivo diminuir a dor e o estresse nas articulações, preservando assim as estruturas, reduzindo as probabilidades de deformidades e, consequentemente, potencializando o desempenho em atividades. São baseados em tarefas relacionadas ao contexto do paciente e que são significativas para seu envolvimento em ocupações ou atividades; por essa razão, é um processo individualizado e específico para cada caso.
GERIATRIA E GERONTOLOGIA
Na avaliação são identificadas as habilidades que possam ser restauradas ou adaptadas e promover intervenções maximizando a independência e autonomia dos idosos.
A intervenção deve considerar a efetiva participação do sujeito tratado, de seus familiares e cuidadores como fator essencial para que consiga um esforço auto-sustentável de promoção e manutenção diária. Consegue-se reduzir a morbidade, prevenir complicações secundárias e diminuir a demanda de cuidados (promoção da independência e/ou autonomia), reinserção social e melhorar a qualidade de vida.
A avaliação da pessoa idosa é multidimensional, visto que esse tipo de cliente apresenta múltiplos problemas inter-relacionados que afetam a esfera física, psicoafetiva, cognitiva e social.
No caso de pacientes com demências, um programa de atividades pode, sem dúvidas, entre outros benefícios, proporcionar estrutura para o dia-a-dia, preservando as habilidades remanescentes e minimizando as conseqüências de déficits cognitivos e funcionais e criar um ambiente para interação social.
As abordagens podem estar mais orientadas para os aspectos comportamentais, emocionais, cognitivos ou de estimulação. Estas habilidades dependem não somente das suas capacidades cognitivas, mas, e também, da motivação do indivíduo e da natureza do ambiente. Quando a família e os cuidadores compreendem o nível cognitivo e motor do paciente, eles são capazes de compreender em como fornecer a estimulação correta para engajar o paciente em suas atividades. Assim, fornecerão a estimulação adequada ao paciente e ficarão mais tranqüilos diante de um quadro de doença.
Os princípios de processo de intervenção são:
1. A manutenção preventiva, através de estimulações e adaptações das habilidades funcionais, motoras, perceptivas e cognitivas prorrogando o máximo a perda destas;
2. Melhorar a função da comunicação e interação com o seu meio familiar ou institucional;
3. A adaptação contínua para lidar com o meio ambiente, o exercício e a participação das atividades que constituem o cotidiano do paciente (alimentar-se, vestir-se, higiene pessoal, comunicar-se, telefonar, fazer compras, assistir a um filme,...). Sabendo que, no caso de Alzheimer, estas atividades vão se tornando cada vez mais prejudicadas à medida que a doença progride. Intervenções ambientais são baseadas na importância da atuação no nível de orientação espacial e temporal de um idoso. Ambientes adaptados diminuem agitação, agressividade, dependência e aumentam a segurança,
4. Desenvolver um relacionamento terapêutico com familiares e cuidadores, objetivando prevenção do desgaste de sua saúde e ter melhor qualidade de vida.
Assim, o papel da Terapeuta Ocupacional é ser uma facilitadora para a qualidade de vida tanto do paciente, quanto do cuidador ou familiar.
Os principais objetivos terapêuticos são:
- estimular/manter as capacidades mentais;
- evitar que o paciente desconecte da realidade e fortalecer as relações sociais;
- dar segurança e aumentar a autonomia pessoal do paciente;
- estimular a própria identidade e autonomia;
- minimizar o estresse e evitar reações psicológicas anômalas;
- melhorar o rendimento cognitivo e funcional;
- aumentar a auto-estima e as atividades da vida diária,
- melhorar o estado e os sentimentos de saúde.
Através da Terapia Ocupacional é possível melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares.
As atividades utilizadas:
- orientação da realidade;
- reminiscência;
- estimulação e atividade cognitiva; mantendo as capacidades mentais, como a memória, a atenção, a percepção, a comunicação, a programação de atividades e orientação tempo-espacial;
- adaptação cognitiva e funcional do espaço físico e pessoal;
- atividades significativas e da vida diária; favorecendo independência, autonomia com segurança durante a sua execução,
- prevenção e tratamento dos transtornos psicológicos e de comportamento.
PSIQUIATRIA
SAÚDE MENTAL ADULTO
A atuação também, como em todas as outras áreas da Terapia Ocupacional, não se deve prender-se apenas ao diagnóstico clínico. Variáveis extra-clínicas são essenciais. O diagnóstico sem a descrição dos sintomas e, sobretudo, da coleta de dados a respeito do contexto familiar e social do paciente, é um instrumento insuficiente porque não permite reconhecer os problemas que existem por trás dos sintomas. Estabelecer uma estratégia de intervenção articulada, englobando dados sobre a descrição dos sintomas, contexto familiar e sócio-econômico é o início para uma avaliação do caso.
A abordagem é Psicossocial, compreendendo o sofrimento mental contextualizado no plano das relações pessoais e sociais e a concepção de que é no campo relacional que o sujeito se constitui e readquire sentidos para o viver.
O enfoque maior não estará em avaliar incapacidades, problemas funcionais do sujeito com a doença, mas, prioritariamente, na pessoa no seu contexto familiar e sociocultural, pois é nele que as incapacidades ou problemas funcionais ganham sentido. Paralelo a esse campo de atuação dessas relações, trata-se de problemas funcionais do dia-a-dia.
A avaliação é composta por diversas áreas que se encontram bastantes interligadas. Na anamnese, entrevista inicial, realiza coleta de dados com o próprio paciente e com familiares, sobre histórico familiar/hereditariedade, história de vida, diagnóstico, sintomas, medicamentos utilizados e tratamentos realizados. E na avaliação são coletados os seguintes dados: dificuldades e necessidades elencadas pelo próprio paciente; rotina/organização do dia-a-dia, atividades que realiza; independência e autonomia para a realização das principais A.B.V.D(s)-atividades básicas da vida diária (alimentação, higiene pessoal, banho, vestuário, lazer) e A.I.V.D(s)-atividades instrumentais da vida diária (preparar um alimento, fazer uma compra, lidar com dinheiro, usar computador, trabalho, ir ao banco); relações interpessoais (com familiares, amigos e outros); comunicação/expressão; atividades de interesse e contexto sócio cultural e sócio econômico.
A partir dessa avaliação é realizado um projeto terapêutico ou um plano de tratamento para essa pessoa. Esses são singulares, possuem um olhar de profunda transformação, onde considera o diálogo com a história de vida das pessoas em seu contexto e sua rede de relações.
O enfoque está na melhora de qualidade de vida de maneira geral através da diminuição de sintomas da doença, com ganho primeiramente de auto conhecimento e auto-estima, de independência e autonomia para a realização de suas A.B.V(s)-atividades básicas da vida diária e A.I.V.D(s)- atividades instrumentais da vida diária, comunicação e relações interpessoais.
O tratamento inicia-se com a formação de vínculo com terapeuta/paciente; esse fundamental para os passos seguintes.
Os recursos utilizados são: atividades expressivas que auxiliam na reflexão do auto-conhecimento/identidade, auto-estima, conscientização corporal, comunicação e linguagem; atendimentos com familiares para melhora de relações interpessoais; orientações aos familiares para esclarecimentos da doença e tratamento a ser continuado em casa; atividades que auxiliem na organização da rotina diária e atividades externas objetivando maior independência e segurança do paciente para realizar A.I.V.D(s).
Ainda em recursos utilizados no tratamento, a formação de grupo também é incluída. A técnica utilizada é de Pichon Rivierre, psiquiatra criador do Grupo Operativo. Nessa abordagem objetiva-se, através da formação de vínculos entre os integrantes do grupo, o tratamento de questões de saúde mental.
As atividades expressivas (pintura, mosaico, argila, colagem, sucatas, dança, música,...) utilizadas como recursos terapêuticos, por sua inserção no tempo e no espaço, trazem a possibilidade de concretizar e dar formas a essa conexão entre o sujeito e seu ambiente, atuando em oposição ao processo de exclusão. Proporcionam um conhecimento e uma experiência que auxiliam na transformação de rotinas e ordens estabelecidas e oferecem às pessoas instrumentos que seja para seu próprio uso, ampliando comunicação, permitindo crescimento pessoal, interações sociais e inclusão cultural. É um mecanismo orientador profundamente relacionado ao processo real de percepção, pensamento, sentimento, interação e ação.
Oferecem aos portadores de doenças mentais graves, que apresentem dificuldades na sua relação com o mundo real e, consequentemente na comunicação verbal, uma relação no nível não verbal, pois permitem a expressão de vivências não verbalizáveis que se encontram no inconsciente.
A Terapia Ocupacional atua como processo de comunicação que opera através da tríade: terapeuta ocupacional/paciente/atividade. Entende que a realização de atividades expressivas, num setting terapêutico que inclui relações terapêuticas, abre caminhos para que demonstre a correlação entre fatos, objetos e pessoas. Sendo o papel da Terapeuta Ocupacional a articulação destes que leva a interpretação transferencial.
Segundo Jung, as atividades expressivas permitem a realização simbólica dos desejos, reforça o ego e alivia a ansiedade pela representação do material conflitivo. Podem ser utilizadas pelos pacientes como verdadeiro instrumento para reorganizar a ordem interna e ao mesmo tempo para reconstruir a realidade.
Assim, nota-se como é eficaz e benéfico o uso de atividades expressivas em Terapia Ocupacional como recurso de tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais, pois permitem o uso de outra forma de linguagem, não verbal, para expressão de sentimentos e pensamentos facilitando o autoconhecimento, a auto-estima e a melhora de relações inter-pessoais.
Não se trata de construir modelos, receitas, indicações de atividades, mas de construir com cada paciente, junto com ele, uma trajetória singular, um projeto de vida, uma forma de sair do isolamento e também de uma vida relegada a espaços muito restritos e estreitos.
SAÚDE MENTAL INFANTIL
Dentro desse campo de atuação, onde se inclui diversos diagnósticos, como autismo, depressão, bipolaridade, transtorno de conduta, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo; a Terapia Ocupacional tem uma importante atuação pois lida com recursos para amenizar significativamente os sintomas dessas doenças e auxiliar familiares, cuidadores e professores na forma de lidar com a criança.
A partir da avaliação que contempla: coleta de dados (histórico familiar, doença/ sintomas, principais queixas, dificuldades...); qualidade das interações que essa criança recebe (principalmente dos pais); rotina (como se dá a sua organização do seu dia-a-dia) e avaliações específicas do Desenvolvimento Infantil, Perfil Sensorial, Coordenação Viso Motora, Atenção/Concentração, realização de A.B.V.D (s)-atividades básicas da vida diária-(alimentação, higiene pessoal, vestuário, banho e lazer) e brincar; traça-se um plano terapêutico de intervenção.
As atividades utilizadas no tratamento são para suprir déficits apresentados nas avaliações. Utiliza-se atendimentos com os pais para orientações sobre o tratamento, se necessário, modificações nas qualidades de interações e organização de rotina; recursos lúdicos, como jogos, brinquedos e brincadeiras; atividades expressivas (pintura, colagem, argila...); treino na prática para realização de A.B.V.D(s).
Realiza-se contato com escola, objetivando acompanhamento dessa criança em suas interações e desenvolvimento no contexto externo, também prestando orientações aos professores quanto ao trato e atividades indicadas à criança.
Torna-se extremamente importante a comunicação de pais, professores e t.o; definindo a mesma linguagem nas interações com paciente.
O propósito geral do tratamento é que essa criança tenha uma boa qualidade de vida, melhora em sua auto-estima e expressão, assim em seus relacionamentos interpessoais; ganhe independência e autonomia para a realização das A.B.V.D(s) e melhore em dificuldades específicas em seu desenvolvimento neuropsicomotor (coordenação viso motora, atenção/concentração...) e adquira qualidade em interações com pais, familiares e escola.
ATENDIMENTO DOMICILIAR
No atendimento domiciliar segue alguns princípios como visão integral do indivíduo, busca de melhoria no desempenho funcional, suporte à família e ao cuidador e humanização do atendimento.
A tarefa e a demanda contextualizadas pela terapeuta ocupacional são verdadeiras e familiares aos sujeitos, uma vez que acontecem diariamente naquele espaço físico, que é real. Favorecendo que o desempenho funcional ocorra com maior aderência.
Ao ser acometido por uma situação de perda funcional que limite o seu desempenho ocupacional quanto à realização de atividades rotineiras, o indivíduo necessitará planejar meios para conter os efeitos dessas limitações ou deficiências e promover os ajustes necessários para a adaptação à sua nova condição de vida. Velhos e novos interesses são essências para a promoção da adaptação aos ambientes e situações atuais.
Uma abordagem de intervenção terapêutica ocupacional considerada estratégica e direcionada é a adaptação. Pode ser a adaptação de ferramentas, materiais ou equipamentos usados no processo de realização de uma atividade; ou modificações de requisitos do ambiente físico como tamanho, disposição, superfície, iluminação; ou ainda a compensação de habilidades de desempenho para a execução de uma tarefa. Podendo fornecer uma variedade de alternativas e possibilidades para adaptar o ambiente ou idealizá-lo para uma ambientação mais adequada à realização das A.V.D (s)-atividades da vida diária, A.V.P (s)-trabalho, cuidados com a casa, lazer,...
Para indivíduos com limitações físicas, pontua-se sobre a eliminação de barreiras arquitetônicas e ambientais, devendo ocorrer com a participação de engenheiros e arquitetos. Estas medidas são efetivas, pois visam ampliar a acessibilidade para promover o desempenho funcional em tarefas rotineiras.
O processo de adaptação ambiental engloba a prática centrada no cliente, respeitando suas reais necessidades e valorizando o significado atribuído aos espaços e mobiliários existentes, que podem representar para seus ocupantes identidade familiar, status e privacidade.
Reabilitar os espaços vividos. Nesses espaços de produção e ampliação da rede relacional ocorrem a transformação e a construção de uma nova realidade.
O tratamento domiciliar é também extremamente benéfico no sentido de sua atuação estar mais próxima diretamente sobre os aspectos contextuais, abordando as inter-relações pessoais; uma vez que estas podem estar agindo como facilitadores ou como barreiras no desempenho do cliente e suas ocupações.